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sábado, 26 de setembro de 2009

A Missão ou OMissão da Igreja?


A Missão ou OMissão da Igreja?


A Missão


Um dos assuntos mais em pauta em reuniões e congressos são missões. Cultos, campanhas, livros, matérias de jornais tem sido lançados sobre o assunto. Mas qual é em síntese a missão da igreja?


Verifiquemos o que disse aquele que é cabeça da Igreja:


“Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda. Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros.” (João 15.16 e 17).


Observe bem a sentença: “eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades”. Ou seja, aqui temos o Ide tanto quanto em Marcos 16.15.


Mas ir para fazer o que?

Para que “deis fruto


Mas que fruto é esse?

Seria distribuição de folhetos evangélicos? Seria orar pelos que perecem? Ou então doar contribuições financeiras para instituições?


Nada disso. À luz da palavra de Deus, verificamos primeiro que, no verso seguinte Jesus esclarece: “Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros”


E a bíblia sobre o que é fruto é específica:


“Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio.” (Gálatas 5.22)


Dessa forma, fica claro que a missão da igreja e de todo cristão é produzir frutos! Ou seja, viver uma vida em amor, paz, fidelidade, alegria, etc.


E quanto pregar o evangelho? É claro que o amor ao pecador impulsionará naturalmente todo cristão verdadeiro a dizer para as pessoas que o circundam sobre o reino de Deus. Mas qualquer tentativa de Ide, ou de missão que não seja envolvida diretamente com o fruto de amor não é genuíno, ou seja, não pode estar vinculado à ordenança de Jesus.


A OMissão da Igreja!


A palavra pode omissão significar:

1 falta, lacuna.

2 Deixar de agir ou de se manifestar quando necessário ou esperado.

3 Esconder, oposto a apresentar-se.

4 deixar de lado, pular.

5. Tratar com descuido, negligenciar.

(dicionário Houssaiss)


1. Dessa forma temos a Omissão da igreja quando ela deixa uma lacuna em certas áreas por ela negligenciada:


Como as crianças quando não recebem a atenção devida, e são colocadas num culto onde não compreendem nossa “linguagem cheia de gírias pentecostalizada” ou “teologizada” (depende da igreja). (O quanto uma criança consegue absorver de cultos que ouvem palavras como “a chave da vitória está sendo entregue”, o “o gigante e as muralhas estão caindo por terra”, etc.). A missão da igreja é anunciar o evangelho suficientemente claro, de forma que as crianças deveriam ter um culto ou atividades à parte do culto para adultos.


A igreja pratica abertamente sua omissão quando confia que apenas o ingresso de jovens em grupos de louvores os farão cristãos firmes que nunca abandonaram o evangelho, e nunca lhe dedica momentos de ensino real do evangelho que tem poder para moldar o caráter.

A lacuna (omissão) está na nossa negligenciada pela terceira idade, que na maioria das igrejas não tem serventia para nada, porque nossas lideranças se omitem em lhes oferecer o devido respeito!


2. Omissão é quando a igreja “deixar de agir ou de se manifestar quando necessário ou esperado”.


A missão da igreja se torna omissão quando temos uma Marcha para Jesus, que serve apenas para mostrar o grande número de evangélicos existente no Brasil (ou onde quer que ocorra o movimento). Mas o mesmo evento serve de plataforma política para pessoas que nem evangélicas são, enquanto muitos cristãos verdadeiros nunca terão nem a chance de se pronunciarem num pequeno púlpito. E mais, uma manifestação que nunca expressa a verdade do evangelho contra a opressão que escraviza o pobre e o necessitado. (OBS: Houve um pastor batista, norte-americano que fazia marchas que deveriam servir de modelo, já que as dele teve um estrondoso impacto internacional: seu nome, Martin Luther King).


A missão da igreja se torna omissão quando fazemos todo tipo de estratégia para ajuntamento de dinheiro para a obra missionária em outro lugar do mundo, mas na nossa própria comunidade existem pessoas que dormem sem jantar, e mandam no outro dia, seus filhos para a escola sem tomar café da manhã, pois seus armários estão cheios apenas de ar!


Se um pai de família tivesse certa quantia em mão e tivesse que optar entre comprar comida para os filhos ou comprar um novo aparelho de DVD para casa, o que ele deveria fazer? Qual é a prioridade?! Quando a igreja gasta dinheiro em reformas do templo, compra de aparelhos de som e data show, e não abre os cofres para alimentar uma família necessitada da própria comunidade; ou ajudar um desempregado que nem dinheiro tem para procurar emprego; age como um estúpido pai de família que prefere comprar um desnecessário aparelho de DVD, e deixa seus filhos padecendo fome.


3. A omissão da igreja é quando ela “se esconde, que é o oposto a apresentar-se”.


Isso fica evidente quando líderes evangélicos têm a cara de pau de se apresentarem para pedirem dinheiro para supostas missões, mas quando um membro passa por dificuldades ele se esconde e pede para que procurem assistências sociais da prefeitura, postos de saúde, etc.


A omissão esta aí, quando líderes famosos são pegos em falcatruas e todo tipo de malandragem e corrupção, e nós nos escondemos para não termos que explicar a verdade dos fatos e dizemos apenas “é perseguição do diabo”.


4 A omissão existe ainda quando a igreja “deixar de lado, ou pula certa coisas”.


Verificamos isso quando nas eleições políticas (ATENÇÃO ELAS ESTÃO CHEGANDO) pastores, denominações e convenções pedem para seus membros apoiarem certos políticos, “pulando e deixando de lado” seu passado apodrecido pela falência moral, e todo e qualquer tipo de corrupção.


Uma igreja que diz fazer missão, mas deixa de lado ou pula outros setores, sobretudo os que se referem ao cuidado com os seus (crianças, jovens, mulheres, idosos, obreiros), na verdade pratica com grande êxito a OMISSÃO.


A igreja é muito omissa quando faz missão pela metade! Ou seja, enviamos um missionário para abrir uma nova igreja. Mas não são estudadas as necessidades que esse missionário irá enfrentar; então ele começa a padecer fome, não ter onde dormir, e acaba abandonado. Ora, os tempos são outros, uma igreja estruturada, que envia missionários, deve antever todas as demandas futuras.


A missão também se torna omissão quando se pensa que fazer missão é fincar a bandeira (placa) do ministério tal em tal lugar.


A missão é omissão quando se pensa que a missão esta concluída com a construção de um belo templo em um lugar remoto, mas nada se faz para ajudar os que freqüentarão o dito templo.


OBS: Quando Jesus disse “IDE POR TODO MUNDO” nem templos cristãos existiam, (eles só surgiriam mais de duzentos anos depois) a missão era simples: inseri pessoas no reino de Deus.


A omissão é escancarada quando enviamos pessoas para serem missionárias sem nenhum preparo. A nossa pressa apenas levará a construção de igrejas desestruturadas por são enviados missionários desestruturados. Mas se tivermos paciência, como Jesus, que só disse Ide para os discípulos depois de três anos e meio, então teremos o mesmo sucesso da igreja primitiva.


5. Uma igreja omissa é aquela que “tratar com descuido e negligência”.


Quando pessoas supostamente aceitam a Jesus, mas não tem atenção alguma, não lhe são apresentados os princípios da fé numa espécie de discipulado, então mais uma vez temos a omissão.


Quando jovens namorados se casam com a maior facilidade, sem nenhum aconselhamento pastoral por parte da igreja, mais uma vez ai está a omissão, que nada mais é que o tratar com descuido.


Nossa missão é transformada em omissão quando à semelhança do levita e do sacerdote, (que pagavam dízimos, guardavam a lei, estudavam a “teologia” da época, viajavam para pregar a palavra ao ponto de fazerem prosélitos e abrirem sinagogas em pontos tão distantes do Império Romano), mas quando viam o samaritano caído na estrada e despojado de todos seus bens, fechava os olhos e “passava de largo”, afinal já “fizeram a missão”! Mas toda missão sem amor se transforma em omissão. (ver Lucas 10.25 a37)


COMO VENCER A OMISSÃO?


Simples, mas difícil! Apenas o cumprimento da missão de João 15.16,17, desmantelará a omissão e provocará a verdadeira missão. Pois aquele que tem o fruto do Espírito ama, e quem ama está disposto a dar a própria vida pelo próximo! Quanto mais contribuir com todas as demais coisas missionárias necessárias.


Se você percebe que o tipo de missão de sua comunidade esta mesclada às definições de Omissão, então é porque falta o verdadeiro amor de Deus e não somos melhores que os levita e o sacerdote da parábola do Bom Samaritano! (ver Lucas 10.25 a37)


Lembre-se Jesus não vai nós dizer “servo bom e fiel, pregaste o evangelho” mas:


“então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me. Então, perguntarão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E quando te vimos forasteiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos? E quando te vimos enfermo ou preso e te fomos visitar? O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.” (Mateus 25. 34 a 40).


Palavra final


Irmãos meus não sou contra Missões, oro por elas, às apoio e estou pronto para contribuir com elas, mas lembrem-se:


Quando pregarmos o evangelho vão nos perguntar:

Qual é o maior mandamento que o salvador ordenou?

E teremos que responder:

“Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração...e amarás o teu próximo como a si mesmo”(Mateus 22. 36 a 39)

Sendo assim, missão sem a prática do amor, é vã e sem sentido!

(Alexandre L.M Brandão)




terça-feira, 22 de setembro de 2009

O QUE ACONTECEU COM O APÓSTOLO JOÃO DEPOIS DE APOCALIPSE


Pelo texto bíblico ficamos sabendo que o apóstolo João esteve preso na ilha de Patmos. Nessa ilha ele recebeu as revelações do livro de Apocalipse. Mas a Bíblia não conta o que teria acontecido com João depois desses eventos. É nos relatos da tradição da igreja cristã, e na historiografia de Eusébio de Cesareia, que tomamos conhecimento do muito possivelmente destino e aventuras do amado apóstolo. Abaixo segue o relato:


O apóstolo João e o desviado que se tornou lider de ladrões


A partir do parágrafo 5 temos a história sobre João e o jovem desviado.


O Texto abaixo faz parte do livro História Eclesiastica, escrita entre os séculos IV e V. O autor, Eusébio de Cesareia (265 – 339), é considerado o primeiro historiador da Igreja.




DOCUMENTO

História Eclesistica, Livro III, capítulo XXIII

XXIII

[Relato sobre o apóstolo João]

1. Por este tempo vivia ainda na Ásia o mesmo a quem Jesus amou, o apóstolo e evangelista João, e ali continuava regendo as igrejas depois de regressar do desterro na ilha, depois da morte de Domiciano.

2. Que João permanecia em vida por este tempo é suficientemente confirmado por duas testemunhas. Estas, representantes da ortodoxia da Igreja, são bem dignas de fé, tratando-se de homens como Irineu e Clemente de Alexandria.

3. O primeiro deles, Irineu, escreve textualmente em alguma parte do livro II de sua obra Contra as heresias como segue:

"E todos os presbíteros que na Ásia estão relacionados com João, o discípulo do Senhor, dão testemunho de que João o transmitiu, porque ainda viveu com eles até os tempos de Trajano."

4. E no livro III da mesma obra manifesta o mesmo com estas palavras: "Mas também a igreja de Éfeso, por ter sido fundada por Paulo e porque nela viveu João até os tempos de Trajano, é um testemunho veraz da tradição dos apóstolos."

5. Por sua parte, Clemente assinala o mesmo tempo, e em sua obra que intitulou Quem é o rico que se salvai Acrescenta uma narrativa valiosíssima para os que gostam de escutar coisas belas e proveitosas. Toma pois, e lê o que ali escreveu:

6. "Escuta uma historieta, que não é uma historieta, mas uma tradição existente sobre o apóstolo João, transmitida e guardada na memória. Efetivamente, depois que morreu o tirano, João mudou-se da ilha de Patmos a Éfeso. Daqui costumava partir, quando o chamavam, até as regiões pagãs vizinhas, com o fim de, em alguns lugares, estabelecer bispos; em outros, erguer igrejas inteiras, e em outros ainda, ordenar a algum dos que haviam sido designados pelo Espírito.

7. Veio pois a uma cidade não muito distante e cujo nome alguns inclusive mencionam. Depois de consolar os irmãos em tudo o mais, tendo visto um jovem de grande estatura, de aspecto elegante e de alma vivaz, fixou seu olhar no rosto do bispo instituído sobre a comunidade e disse: 'Eu te confio este com toda a atenção, na presença da igreja e com Cristo como teste­munha.' O bispo aceitou o jovem, prometendo-lhe tudo, mas João insistia no mesmo e apelando para as mesmas testemunhas.

8. Logo regressou a Éfeso, e o presbítero[1] levou para casa o jovem que lhe havia sido confiado e ali o manteve, rodeou-o de afeto e por fim batizou-o. Depois disto afrouxou um pouco sua grande solicitude e vigilância, pensando que havia imposto a salvaguarda perfeita: o selo do Senhor.

9. Mas certos rapazes de sua idade, malandros, dissolutos e tendentes ao mal, perverteram-no. Sua liberdade era prematura. Primeiramente atraíram-no por meio de suntuosos banquetes; depois levaram-no consigo, inclusive de noite, quando saíam para o roubo, e por fim exigiram-lhe participar com eles de maldades maiores.

10. O jovem foi se acostumando a isto sem perceber, e desviando-se do caminho reto, como cavalo de boca dura, brioso e que rejeita o freio, por seu vigor natural foi-se precipitando com mais força ao abismo.

11. Acabou perdendo a esperança na salvação divina. Desde então não planejava coisas pequenas, mas, tendo já cometido grandes crimes, já que estava perdido de uma vez por todas, considerava justo correr o mesmo risco dos demais. Assim foi que, juntando-se aos mesmos e formando um bando de salteadores, era ele seu líder resoluto, o mais violento, o mais homicida, o mais temível de todos.

12. Depois de algum tempo surgiu certa necessidade e voltaram a chamar João. Este, depois de ter resolvido os assuntos pelos quais tinha vindo, disse: 'Bem, bispo, devolve-me o depósito que eu e Cristo te confiamos na presença da igreja que presides e que é testemunha.'

13. O bispo a princípio ficou estupefato, acreditando ser vítima de calúnia sobre algum dinheiro que ele não havia recebido: não podia crer no que não tinha nem podia deixar de crer em João. Quando este lhe disse: 'O jovem é o que te peço, e a alma do irmão', o ancião prorrompeu em profundos soluços e, marejado de lágrimas, disse: 'este está morto'. Como? Morto de quê? 'Está morto para Deus - disse -, pois afastou-se transformado num perverso, um perdido, e para o cúmulo, um salteador, e agora ocupa o monte que está frente à igreja, com uma quadrilha de sua mesma índole.'

14. Rasgou o apóstolo sua roupa e, golpeando a cabeça, com grande lamento exclamou: 'Bom guardião deixei para a alma do irmão! Mas tragam já um cavalo e alguém que me guie no caminho.' E dali, tal como estava, saiu da igreja e foi-se.

15. Chegou ao lugar. Os sentinelas dos bandidos deitaram-lhe as mãos, mas ele não fugia nem suplicava, mas aos gritos dizia: 'Para isso vim, levem-me ao vosso chefe.'

16. Este, entretanto, aguardava armado como estava, mas ao reconhecer João naquele que se aproximava, fugiu cheio de vergonha. João o perseguia com todas suas forças, esquecido de sua idade e gritando:

17. 'Por que foges de mim, filho, de mim, teu pai, desarmado e velho? Tem pie­dade de mim, filho, não tema. Ainda tens esperança de vida. Darei conta por ti a Cristo, e se for necessário, com gosto sofrerei por ti a morte, como o Senhor a sofreu por nós. Por tua vida eu darei em troca a minha própria. Pára! Tenha fé! Foi Cristo que me enviou!'"

18. O jovem, ao ouvi-lo, primeiramente deteve-se, com os olhos baixos; em seguida largou as armas, e tremendo, abraçou-se a ele. Seus lamentos eram já um discurso de defesa, e suas lágrimas serviam-lhe de segundo batismo. Apenas ocultava a mão direita.

19. Mas João foi-lhe fiador, jurando que havia alcançado o perdão para ele por parte do Salvador, caiu de joelhos, suplicante, e beijou a mesma mão direita considerando-a já purificada pelo arrependimento. Reconduziu-o à igreja, orou com súplicas abundantes, acompanhou-o em sua luta com jejuns prolongados e foi cativando seu espírito com os variados atrativos de sua palavra, e segundo dizem, não saiu dali até tê-lo consolidado na igreja, depois de ter dado grande exemplo de verdadeiro arrependimento e grandes sinais de regeneração, como troféu de uma ressurreição visível.





[1] O mesmo referido acima como bispo.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

O tempo dos indivíduos e o tempo da humanidade



O tempo dos indivíduos se refere ao seu tempo específico de existência e produção, não sendo mera restrição de instintivamente viver e sobreviver, mas a intrínseca capacidade individual que cada ser humano possui de reagir a seu modo, especificamente, de fazer escolhas.

Esse poder do indivíduo esta estreitamente vinculada aos pressupostos históricos desenvolvidos ao longo do processo histórico, e difere o homem em sua essência de qualquer outro ser animado existente. Pois, ainda que todo ser vivente tenha um tempo limitado de existência, o indivíduo humano, tem a faculdade, em seu tempo, de buscar entender a vida, a sociedade e traçar metas particulares, isto é, individuais para si.

O tempo da humanidade, mais complexo e abrangente, e ao mesmo tempo indissociável do tempo dos indivíduos, pois a humanidade é o conjunto onde os indivíduos estão inseridos, se refere a um tempo mais longo, mas que se desenvolve no processo histórico a partir da articulação dos indivíduos e das classes, onde o homem vive como sujeito histórico. Enquanto no tempo do indivíduo, este possa ter ou viver uma ação próxima e ínfima, é na complexidade do tempo da humanidade, que a ação tem sua maior repercussão e profundidade, pois pode atingir indivíduos e classes ao longo do desenrolar do processo histórico. Esta ação e reação pode ser tanto positiva (valor) como negativa (contravalor), mas certamente se inicia no tempo dos indivíduos, mas não para ai, antes apenas nasce naquele tempo, para se desenvolver e se intensificar no tempo da humanidade. Portanto, cabe ao indivíduo o bom uso de suas potencialidades.

O sistema capitalista trouxe consigo uma nova concepção de tempo, a delimitação ou “controle” do tempo a serviço do capital. De forma que imperialismo, comércio, escravidão e trabalho, conceitos já conhecidos na Antiguidade, ganharam novas especificidades, moldadas ao modo capitalista, que sempre visa o lucro e não a satisfação das necessidades humanas, a acumulação de capital e não a realização social de determinada comunidade, de forma que o ser humano se reduz a carcaça do tempo, pois “o tempo é tudo, o homem não é mais nada” (MARX, p. 49, 2004); ou como está consagrado popularmente: “tempo é dinheiro”. Portanto para o capitalismo não importa os indivíduos, que podem ser substituídos por outros indivíduos, mas o emprego incensaste do tempo a serviço desse sistema.

Autor: Alexandre Brandão

Bibliografia:

MÉSZÁROS, Istvan, O Desafio e o Fardo do Tempo Histórico: O Socialismo do Século XXI. São Paulo, Boitempo, 2007.

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domingo, 13 de setembro de 2009

95 Teses de Lutero

Porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, onde Lutero afixou as 95 teses, em 31 de outubro de 1517. (imagem e texto do site http://www.lutero.com.br/novo/)



Lutero fixando as 95 teses


DOCUMENTO

Fonte: Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil

Debate para o Esclarecimento do Valor das Indulgências pelo Doutor
Martinho Lutero

31 de outubro de 1517

Por amor à verdade e no empenho de elucidá-la, discutir-se-á o seguinte em Wittenberg, sob a presidência do Reverendo Padre Martinho Lutero, mestre de Artes e de Santa Teologia e professor catedrático desta última, naquela localidade. Por esta razão, ele solicita que os que não puderem estar presentes e debater conosco oralmente o façam por escrito.
Em nome do nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.

1. Ao dizer: "Fazei penitência", etc. [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência.

2. Esta penitência não pode ser entendida como penitência sacramental, isto é, da confissão e satisfação celebrada pelo ministério dos sacerdotes.

3. No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência interior; sim, a penitência interior seria nula, se, externamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne.

4. Por conseqüência, a pena perdura enquanto persiste o ódio de si mesmo (isto é a verdadeira penitência interior), ou seja, até a entrada do reino dos céus.

5. O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs por decisão própria ou dos cânones.

6. O papa não pode remitir culpa alguma senão declarando e confirmando que ela foi perdoada por Deus, ou, sem dúvida, remitindo-a nos casos reservados para si; se estes forem desprezados, a culpa permanecerá por inteiro.

7. Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário.

8. Os cânones penitenciais são impostos apenas aos vivos; segundo os mesmos cânones, nada deve ser imposto aos moribundos.

9. Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através do papa quando este, em seus decretos, sempre exclui a circunstância da morte e da necessidade.

10. Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles sacerdotes que reservam aos moribundos penitências canônicas para o purgatório.

11. Essa erva daninha de transformar a pena canônica em pena do purgatório parece ter sido semeada enquanto os bispos certamente dormiam.

12. Antigamente se impunham as penas canônicas não depois, mas antes da absolvição, como verificação da verdadeira contrição.

13. Através da morte, os moribundos pagam tudo e já estão mortos para as leis canônicas, tendo, por direito, isenção das mesmas.

14. Saúde ou amor imperfeito no moribundo necessariamente traz consigo
grande temor, e tanto mais, quanto menor for o amor.

15. Este temor e horror por si sós já bastam (para não falar de outras coisas) para produzir a pena do purgatório, uma vez que estão próximos do horror do desespero.

16. Inferno, purgatório e céu parecem diferir da mesma forma que o desespero, o semidesespero e a segurança.

17. Parece desnecessário, para as almas no purgatório, que o horror diminua na medida em que cresce o amor.

18. Parece não ter sido provado, nem por meio de argumentos racionais nem da Escritura, que elas se encontram fora do estado de mérito ou de crescimento no amor.

19. Também parece não ter sido provado que as almas no purgatório estejam certas de sua bem-aventurança, ao menos não todas, mesmo que nós, de nossa parte, tenhamos plena certeza.

20. Portanto, sob remissão plena de todas as penas, o papa não entende
simplesmente todas, mas somente aquelas que ele mesmo impôs.

21. Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e salva pelas indulgências do papa.

22. Com efeito, ele não dispensa as almas no purgatório de uma única pena que, segundo os cânones, elas deveriam ter pago nesta vida.

23. Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a alguém, ele,
certamente, só é dado aos mais perfeitos, isto é, pouquíssimos.

24. Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de absolvição da pena.

25. O mesmo poder que o papa tem sobre o purgatório de modo geral, qualquer bispo e cura tem em sua diocese e paróquia em particular.

26. O papa faz muito bem ao dar remissão às almas não pelo poder das chaves (que ele não tem), mas por meio de intercessão.

27. Pregam doutrina humana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando [do purgatório para o céu].

28. Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, podem aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus.

29. E quem é que sabe se todas as almas no purgatório querem ser resgatadas? Dizem que este não foi o caso com S. Severino e S. Pascoal.

30. Ninguém tem certeza da veracidade de sua contrição, muito menos de haver conseguido plena remissão.

31. Tão raro como quem é penitente de verdade é quem adquire autenticamente as indulgências, ou seja, é raríssimo.

32. Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de carta de indulgência.

33. Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem serem as indulgências do papa aquela inestimável dádiva de Deus através da qual a pessoa é reconciliada com Deus.

34. Pois aquelas graças das indulgências se referem somente às penas de satisfação sacramental, determinadas por seres humanos.

35. Não pregam cristãmente os que ensinam não ser necessária a contrição àqueles que querem resgatar ou adquirir breves confessionais.

36. Qualquer cristão verdadeiramente arrependido tem direito à remissão pela de pena e culpa, mesmo sem carta de indulgência.

37. Qualquer cristão verdadeiro, seja vivo, seja morto, tem participação em todos os bens de Cristo e da Igreja, por dádiva de Deus, mesmo sem carta de indulgência.

38. Mesmo assim, a remissão e participação do papa de forma alguma devem ser desprezadas, porque (como disse) constituem declaração do perdão divino.

39. Até mesmo para os mais doutos teólogos é dificílimo exaltar perante o povo ao mesmo tempo, a liberdade das indulgências e a verdadeira contrição.

40. A verdadeira contrição procura e ama as penas, ao passo que a abundância das indulgências as afrouxa e faz odiá-las, pelo menos dando ocasião para tanto.

41. Deve-se pregar com muita cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue erroneamente como preferíveis às demais boas obras do amor.

42. Deve-se ensinar aos cristãos que não é pensamento do papa que a compra de indulgências possa, de alguma forma, ser comparada com as obras de misericórdia.

43. Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprassem indulgências.

44. Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena.

45. Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus.

46. Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro com indulgência.

47. Deve-se ensinar aos cristãos que a compra de indulgências é livre e não constitui obrigação.

48. Deve-se ensinar aos cristãos que, ao conceder indulgências, o papa, assim como mais necessita, da mesma forma mais deseja uma oração devota a seu favor do que o dinheiro que se está pronto a pagar.

49. Deve-se ensinar aos cristãos que as indulgências do papa são úteis se não depositam sua confiança nelas, porém, extremamente prejudiciais se perdem o temor de Deus por causa delas.

50. Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.

51. Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria disposto - como é seu dever - a dar do seu dinheiro àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extraem ardilosamente o dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro.

52. Vã é a confiança na salvação por meio de cartas de indulgências, mesmo que o comissário ou até mesmo o próprio papa desse sua alma como garantia pelas mesmas.

53. São inimigos de Cristo e do papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas demais igrejas.

54. Ofende-se a palavra de Deus quando, em um mesmo sermão, se dedica tanto ou mais tempo às indulgências do que a ela.

55. A atitude do papa é necessariamente esta: se as indulgências (que são o menos importante) são celebradas com um toque de sino, uma procissão e uma cerimônia, o Evangelho (que é o mais importante) deve ser anunciado com uma centena de sinos, procissões e cerimônias.

56. Os tesouros da Igreja, dos quais o papa concede as indulgências, não são suficientemente mencionados nem conhecidos entre o povo de Cristo.

57. É evidente que eles, certamente, não são de natureza temporal, visto que muitos pregadores não os distribuem tão facilmente, mas apenas os ajuntam.

58. Eles tampouco são os méritos de Cristo e dos santos, pois estes sempre operam, sem o papa, a graça do ser humano interior e a cruz, a morte e o inferno do ser humano exterior.

59. S. Lourenço disse que os pobres da Igreja são os tesouros da mesma, empregando, no entanto, a palavra como era usada em sua época.

60. É sem temeridade que dizemos que as chaves da Igreja, que lhe foram proporcionadas pelo mérito de Cristo, constituem este tesouro.

61. Pois está claro que, para a remissão das penas e dos casos, o poder do papa por si só é suficiente.

62. O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.

63. Este tesouro, entretanto, é o mais odiado, e com razão, porque faz com que os primeiros sejam os últimos.

64. Em contrapartida, o tesouro das indulgências é o mais benquisto, e com razão, pois faz dos últimos os primeiros.

65. Por esta razão, os tesouros do Evangelho são as redes com que outrora se pescavam homens possuidores de riquezas.

66. Os tesouros das indulgências, por sua vez, são as redes com que hoje se pesca a riqueza dos homens.

67. As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como as maiores graças realmente podem ser entendidas como tal, na medida em que dão boa renda.

68. Entretanto, na verdade, elas são as graças mais ínfimas em comparação com a graça de Deus e a piedade na cruz.

69. Os bispos e curas têm a obrigação de admitir com toda a reverência os comissários de indulgências apostólicas.

70. Têm, porém, a obrigação ainda maior de observar com os dois olhos e atentar com ambos os ouvidos para que esses comissários não preguem os seus próprios sonhos em lugar do que lhes foi incumbido pelo papa.

71. Seja excomungado e maldito quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas.

72. Seja bendito, porém, quem ficar alerta contra a devassidão e licenciosidade das palavras de um pregador de indulgências.

73. Assim como o papa, com razão, fulmina aqueles que, de qualquer forma, procuram defraudar o comércio de indulgências,

74. Muito mais deseja fulminar aqueles que, a pretexto das indulgências, procuram defraudar a santa caridade e verdade.

75. A opinião de que as indulgências papais são tão eficazes ao ponto de poderem absolver um homem mesmo que tivesse violentado a mãe de Deus, caso isso fosse possível, é loucura.

76. Afirmamos, pelo contrário, que as indulgências papais não podem anular sequer o menor dos pecados veniais no que se refere à sua culpa.

77. A afirmação de que nem mesmo S. Pedro, caso fosse o papa atualmente, poderia conceder maiores graças é blasfêmia contra São Pedro e o papa.

78. Afirmamos, ao contrário, que também este, assim como qualquer papa, tem graças maiores, quais sejam, o Evangelho, os poderes, os dons de curar, etc., como está escrito em 1 Co 12.

79. É blasfêmia dizer que a cruz com as armas do papa, insignemente erguida, equivale à cruz de Cristo.

80. Terão que prestar contas os bispos, curas e teólogos que permitem que semelhantes conversas sejam difundidas entre o povo.

81. Essa licenciosa pregação de indulgências faz com que não seja fácil, nem para os homens doutos, defender a dignidade do papa contra calúnias ou perguntas, sem dúvida argutas, dos leigos.

82. Por exemplo: por que o papa não evacua o purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade das almas - o que seria a mais justa de todas as causas -, se redime um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da basílica - que é uma causa tão insignificante?

83. Do mesmo modo: por que se mantêm as exéquias e os aniversários dos falecidos e por que ele não restitui ou permite que se recebam de volta as doações efetuadas em favor deles, visto que já não é justo orar pelos redimidos?

84. Do mesmo modo: que nova piedade de Deus e do papa é essa: por causa do dinheiro, permitem ao ímpio e inimigo redimir uma alma piedosa e amiga de Deus, porém não a redimem por causa da necessidade da mesma alma piedosa e dileta, por amor gratuito?

85. Do mesmo modo: por que os cânones penitenciais - de fato e por desuso já há muito revogados e mortos - ainda assim são redimidos com dinheiro, pela concessão de indulgências, como se ainda estivessem em pleno vigor?

86. Do mesmo modo: por que o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos mais ricos Crassos, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos esta uma basílica de São Pedro, ao invés de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?

87. Do mesmo modo: o que é que o papa perdoa e concede àqueles que, pela contrição perfeita, têm direito à remissão e participação plenária?

88. Do mesmo modo: que benefício maior se poderia proporcionar à Igreja do que se o papa, assim como agora o faz uma vez, da mesma forma concedesse essas remissões e participações 100 vezes ao dia a qualquer dos fiéis?

89. Já que, com as indulgências, o papa procura mais a salvação das almas do o dinheiro, por que suspende as cartas e indulgências outrora já concedidas, se são igualmente eficazes?

90. Reprimir esses argumentos muito perspicazes dos leigos somente pela força, sem refutá-los apresentando razões, significa expor a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e desgraçar os cristãos.

91. Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido.

92. Fora, pois, com todos esses profetas que dizem ao povo de Cristo: "Paz, paz!" sem que haja paz!

93. Que prosperem todos os profetas que dizem ao povo de Cristo: "Cruz! Cruz!" sem que haja cruz!

94. Devem-se exortar os cristãos a que se esforcem por seguir a Cristo, seu cabeça, através das penas, da morte e do inferno;

95. E, assim, a que confiem que entrarão no céu antes através de muitas tribulações do que pela segurança da paz.