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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

PAI NOSSO QUE ESTÁS NOS CÉUS



PAI NOSSO QUE ESTÁS NOS CÉUS

Charles Allen - texto do livro "A Psiquiatria de Deus"


Jesus disse para iniciarmos a oração assim: “Pai nosso, que estás nos céus.” E se ela ficasse só nestas seis palavras, já estaria completa.

Jesus acrescentou as outras como uma ampliação do pensamento. Se realmente aprendemos a dizer esta primeira sentença bem, não será necessário ir mais além.

A palavra “Pai” é uma definição de Deus. Para nós, é uma definição imperfeita, porque nós somos pais imperfeitos. Um certo pastor que trabalhava com meninos de uma favela disse que nunca podia se referir a Deus como pai. A palavra pai, para aqueles garotos, trazia à memória a figura de um homem constantemente embriagado, que batia na mulher.

Quando pensamos nesta palavra, associamos a ela todas as imperfeições de nosso pai.

Por isso, Jesus não podia usar a palavra “Pai”. Ele tinha mesmo que adicionar a expressão: “que estás no céus”. Ela não aparece aqui para indicar a localização de Deus, ou nos informar onde é que Deus reside.

Por alguma razão, nós já formamos a idéia de que o céu está bem longe de nós. Muitos de nossos hinos mais apreciados falam daquele “distante lar”, e pensamos também que Deus esta lá no lar distante. Se observarmos os ensinos de Cristo, veremos que tais conceitos são muito errôneos.

Deus esta tão próximo de nós como o ar que respiramos. Na realidade, este adendo “que estás nos céus” é uma descrição de Deus. O céu é sinônimo de perfeição. Jesus poderia ter dito: “Nosso Pai perfeito”, e teria sido a mesma coisa. E quando pensamos no termo “pai”, logo pensamos também em autoridade, e não em indulgência. Pelo próprio ato de reconhecermos que Deus é pai, nós nos colocamos na posição de filhos. E o pai tem o direito de autoridade sobre os filhos.

E é assim que submetemos nossa vontade à dele. Nossos atos são controlados não pelo nosso querer, mas pelo dele. Nós todos reconhecemos que Deus estabeleceu uma ordem moral. O homem não cria leis; ele simplesmente descobre os mandamentos de Deus. Quando obedecemos estes mandamentos, como dantes, nós vemos que “sua vontade é nossa paz”.

Por outro lado, deixar de reconhecer a soberania de Deus significa fracassar em todas as áreas da vida. Uma das igrejas valdenses tinha um selo cujo emblema era uma bigorna e vários martelos quebrados, circundados pelas palavras: “Malhai, mãos hostis! Vossos martelos se despedaçam; a bigorna de Deus permanece.” Enquanto não se puder dizer: “Pai”, é melhor não continuar a oração.

O vocábulo pai significa mais que regedor, legislador ou juiz; ele implica também num domínio exercido pelo amor, pois coloca a misericórdia bem no centro do julgamento. Como o amor gera o amor, nossa relação para com a atitude de Deus é a de uma verdadeira filiação, e não um sentimento de temor. Paulo explicou isto de maneira admirável:


“Porque não recebestes o espírito de escravidão para viverdes outra vez atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai.” (Rm. 8:15).


Mas “Pai celestial” não significa apenas autoridade e amor; significa também santidade. Certa vez, Isaías entrou no templo e ouviu os serafins cantando: “Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos.” Quando ele sentiu o impacto da imaculada pureza de Deus ficou consciente de sua própria imperfeição a ponto de clamar: “Ai de mim! estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros.” (Is. 6:5).

Por que e que fechamos os olhos para orar? Talvez seja para afastarmos de nossa mente o mundo exterior a fim de darmos toda a nossa atenção a Deus. Todavia a verdadeira oração abre nossos olhos.

Um grande hindu disse: “Por que vocês estão tão ansiosos para ver Deus com os olhos fechados? Vejam-no com os olhos abertos — em forma de pobres, famintos, analfabetos e aflitos.” Quando dizemos “Pai”, estamos reconhecendo nossa filiação a ele, mas também reconhecendo nossa ligação com os irmãos.

Um jovem veio ver-me recentemente. Ele passara dois anos na cadeia.

Parece que muitas vezes nós só enxergamos as vantagens da sociedade depois que somos afastados dela. Aquele jovem me disse: “Eu não ambiciono muita coisa. só quero ser aceito, ser parte do grupo.”

Ser parte do grupo é o que nós todos queremos. Dizer “Pai Nosso” significa remover todas as barreiras, colocando cada um de nós na posição de filho de Deus.

Esta primeira sentença do Pai Nosso sintetiza toda a vida crista. A palavra “Pai” expressa nossa fé. Ela não apenas demonstra que cremos em um Deus, mas também dá uma descrição dele. A expressão “nos céus” engloba todas as nossas esperanças. O vocábulo “céus” significa perfeição, e fala daquela qualidade de vida que todos os cristãos sinceros estão se esforçando para obter. Cristo disse: “Sede vós perfeitos como perfeito e o vosso Pai celeste.” (Mt. 5:48).

O homem nunca está satisfeito consigo mesmo. Está sempre lutando para subir ou avançar. Ele só aceita seus fracassos passados e atuais, porque espera melhorar no futuro.

Um amigo do escultor Willian Story estava observando seu trabalho, e perguntou-lhe: “De qual das suas obras você gosta mais?” O artista replicou: Eu gosto mais da próxima estátua que vou esculpir”.

A palavra “nosso” implica num amor que abrange todos. Sem essa idéia a oração é vazia. A religião não pode isolar o homem do seu semelhante, porque, se não pudermos dizer “irmão”, não poderemos dizer “Pai”.

Fé, esperança, amor — todas estas três virtudes estão incluídas nesta palavra.

Como nossa vida seria diferente se, ao orar, levássemos em conta todo o significado de “Pai Nosso, que estais nos céus”! Isto nos levaria a orar de joelhos, no nosso Getsêmani, completamente rendidos a vontade do Senhor. Nós sacrificaríamos a vida para servir o próximo e nos esforçaríamos para salvá-lo. Acima de tudo, isto traria Deus para dentro de nós.

Ai então, não importando o que pudesse acontecer, confiadamente, nós oraríamos como Jesus: “Nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc. 23:46). assim teríamos a certeza de que podíamos deixar nossa vida nas mãos de Deus, sabendo que nossas aparentes derrotas redundariam em glorioso triunfo, e que, dos túmulos da vida, brotariam ressurreições, e nós cantaríamos como o apóstolo:


“Onde está, ó morte, a tua vitória?

Onde está, ó morte, o teu aguilhão?...

Graças a Deus que nós da a vitória

por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo”

(1 Co. 15:55-57).



É rara a semana em que eu não tenho que dirigir um culto fúnebre no cemitério de Atlanta. Há dez anos atrás, foi o meu próprio pai que deixei ali, e hoje, quando vou lá, antes de sair, paro por uns instantes junto à sua sepultura, e penso nele. Sempre saio reconfortado.

Lembro-me de como ele foi bom para mim, e como ele deu tudo que tinha aos filhos, em coisas materiais. E não eram apenas roupas, alimentos e outras necessidades básicas, mas também bolas, tacos de beisebol, e outros brinquedos de que as crianças gostam. ele ficava feliz em nos tornar felizes. Lembro-me de como ele orava por nós, um por um. Sua voz está gravada em minha mente, e as palavras são as seguintes: “Senhor, abençoa Charles. Que ele seja um bom homem quando crescer”. “Abençoa Stanley”, dizia ele. “Abençoa o John, Grace, Blanche, Sarah, Frances....” E para cada um de nós havia um pedido especial.

De pé, junto ao seu túmulo, eu me lembrava de sua grande honestidade, de seus altos padrões morais, de sua humildade. Ele era bem pouco ambicioso; nunca queria muito para si mesmo. As casas pastorais em que moramos, geralmente eram próximas à igreja, e sempre havia gente batendo à nossa porta. Lembro-me de que ele nunca negava o auxílio solicitado.

Algumas vezes chego a me esquecer do tempo, quando fico ali pensando nele.

Assim, até certo ponto, eu compreendo bem porque Jesus nos instruiu para começarmos a oração dizendo: “pai nosso”. O Senhor Jesus, várias vezes, subiu a um monte para orar sozinho, e em muitas ocasiões, ele orou a noite a noite toda. Certa feita, ele ficou quarenta dias esquecido do tempo, esquecendo até de se alimentar. Ali, na quietude do lugar, ele pensava em seu Pai.

E ele nos diz que devemos orar do seguinte modo: “Pai nosso, que estás nos céus”! Não estamos pedindo nada a Deus, estamos, isto sim, abrindo o coração para um derramar da graça de Deus em nós.

Norman Vincent Peale conta que, em seu primeiro passeio ao Grande Canyon do Rio Colorado, ele falou com um senhor idoso que passara bastante tempo ali. Perguntou-lhe qual das excursões oferecidas lhe proporcionaria a melhor visão do “canyon”. O velho respondeu que, se ele realmente quisesse ver o canyon, não deveria fazer nenhuma daquelas excursões. Em vez disso, ele deveria ir para lá de madrugada, sentar-se à borda do barranco, e apreciar a paisagem; ver a manhã transformar-se em dia e o dia em tarde; contemplar as cores brilhantes transmudando-se no decorrer do dia. Depois, jantar rapidamente e voltar lá para ver o grande abismo ser envolvido pelo roxo do entardecer. Disse ainda que a pessoa que fica rodando pelo canyon acaba ficando exausta, e, na verdade, não vê a beleza e a grandeza do lugar.

Foi isto que o profeta disse a respeito de Deus: “Mas os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam.” (Is. 40:31). Que significa “esperar no Senhor”? Significa pensar no Senhor, embora pensar não seja bem o termo. Talvez meditar expresse melhor esta idéia ou, talvez, ficar em contemplação. Como diz o salmista: “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus.” (Sl 46:10).

Disse o pensador cristão: “enquanto o homem não encontra Deus, ele começa sem começo, e trabalha sem finalidade.” Assim, ninguém está preparado para orar enquanto não estiver totalmente tomado por pensamentos a respeito de Deus. Há anos, já, eu tenho visto muitas pessoas se ajoelharem no altar, ao final dos cultos. Várias delas me contaram das maravilhosas bênçãos que receberam em resposta a estas orações.

A razão por que estas orações são tão preciosas para elas, é que são feitas ao final do culto. Durante cerca de uma hora, elas ficam no templo, pensando na pessoa de Deus. Os hinos, a leitura da Bíblia, o sermão, as outras pessoas ao nosso redor cultuando a Deus — tudo isto contribui para nos aproximar de Deus. Assim, quando nos ajoelhamos para orar, nossa mente está condicionada na direção certa, todo o nosso pensamento está relacionado com Deus. Por isso, a oração é espontânea e verdadeira. Nossas palavras expressam exatamente nosso pensamento.

“Pai nosso, que estás nos céus”. quando estas palavras tomam corpo e realidade para nós, nós nos tornamos calmos e confiantes. É como diz o poema:


Disse o pintassilgo ao pardal:

“Gostaria muito de saber

Por que os homens são tão preocupados,

Inquietos e aflitos

Responde o pardal ao amigo:

“Meu amigo, eu creio que deve ser

porque eles não tem um Pai como nós,

que cuida bem de mim e de você.”


Bibliografia:

ALLEN, Charles. A Psiquiatria de Deus. Editora Betânia.


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